Do Acampamento à Cachoeira: Aventura em Pacoti

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A gente saiu cedinho para o Maciço de Baturité, a ideia era chegar cedo, arrumar as barracas em local apropriado.

O local é um sítio quase que abandonado em Pacoti. Raramente os donos aparecem por lá, o seu Sebastião faleceu há alguns anos, e a família não tem esse apego todo à terra.

Costumavam ir quando ele estava vivo, ele colhia frutas e fazia aquele ensopado que todos os netos adoravam, e nós também Rsrs

Como está sem manutenção, deixamos o carro no sítio de um vizinho amigo nosso, e subimos para a mata que em poucos anos, está quase virgem de novo.

O pessoal disse aqui que já estiveram de frente a frente com onças-pardas, que tem praticamente um refúgio natural ao dispor delas. Mas não temos essa vontade de encontrá-las nas trilhas!

Montando o Acampamento

Chegamos cedo e montamos o acampamento. A ideia quero deixar tudo seguro para passar uma noite tranquila e começar a explorar logo cedo!

Antigamente quando o seu Sebastião era vivo, parávamos lá na casa para tomar um café e ficar jogando conversa fora, ou nem tanto né, porque aquele senhor era uma enciclopédia ambulante.

A gente se perdia ouvindo ele falar e como era no seu tempo, que se você olhar bem, não era bem diferente da época que ele vivia ali. Todos gostavam dele, sujeito prestativo que estava sempre disposto a ajudar!

Tem algumas técnicas onde a gente pega uns troncos, na ponta deles a gente coloca uma espécie de tocha impossível de apagar. Essas tochas vão garantir nossa segurança durante a noite, pois o fogo costuma afastar os animais.

A gente também faz uma espécie de cercado ao redor do acampamento, dizem que alguns animais não costumam entrar, mas não acredito muito nisso! Talvez funcione para o sobrenatural

Estávamos em 7 pessoas e 3 barracas, o tempo estava meio nublado, diferente do dia anterior que era um sol para cada um de tão quente que estava!

Mas isso é propício para ter uma chuvinha no outro dia. Aqui é assim, se está muito abafado o tempo no outro dia é quase certo chover! Nem que seja de madrugada.

Pensando nisso, esticamos os paracords e colocamos a tarp sobre as barracas com caimento para não sermos pegos de surpresa durante a noite com acampamento inundado né…

Noite ao Redor da Fogueira

Depois que montamos o camping, distribuídas as barracas e nossa tarp bem alocada, foi a hora de montar a fogueira.

Estávamos em uma clareira no alto do serrote, ali você encontra o lugar perfeito dos predadores.
Eu sei que quando há humanos na natureza costumamos dizer que nós somos o topo da cadeia alimentar.

Mas não é desses caras que eu estou falando nesse momento!

O vento que costuma passar durante o dia, a noite não é tão forte, fica aquele lance de calmaria.
Um dos caras disse que estava sentindo cheiro de predador, e eu também senti um cheirinho de carniça no ar…

Ninguém quis ser o primeiro a ir dormir, então ficamos conversando ao redor da fogueira até tarde!

#dicacs: Guia de Camping Ceará

A Cachoeira do Sebastião

Logo cedo tomamos aquele café da manhã bem reforçado, pode chamar de acampamento Nutella, não tem problema, já levamos tudo de casa para não ter que matar nada na região para se alimentar!

Pois a área lá é protegida! Não sei se é todo Maciço de Baturité, mas Pacoti tem áreas protegidas. Tem lugares que você só pode usar madeira se for de árvores que já esteja no chão. Você não pode chegar e derrubar!
Depois do café da manhã, fomos até o olho d’água mais conhecido do sítio.

Não sei bem como é aquilo ali, mas aparentemente a água brota das pedras, pode ter sido uma ação de proteção das nascentes, ou simplesmente capricho da natureza!

Mas logo a frente você vê aquela água despencando de uma altura de uns 6 metros, dependendo da época aumenta ou diminui a vazão.

É uma visão linda, na época dos ventos fica uma espécie de véu ou nuvem formando uma neblina. No auge desse sítio vinham muitos vizinhos para cá. Hoje, como não há mais infraestrutura, poucos se aventuram!

Peixinhos ou simplesmente, Piabas

Não sei como essas piabas chegaram até aqui, mas no pequeno lago represado do olho d’água tem muito peixinho.

Deixando claro que ninguém pode tomar banho no primeiro lago. Pois aqui é água potável, própria para o consumo humano. Aqui é só contemplação.

Já na segunda queda já é festa, é onde vinhamos sempre para tomar aquele banho com a galera, e ficar de boa naquela água gelada Rsrs.

Como sempre a gente perde a noção do tempo nesse lugar. Pensávamos ter chegado a pouco, mas na verdade já tinham se passado horas… Alguém olhou para cima e viu que o Sol já estava no alto.

Comida de acampamento

Automaticamente a barriga começa a roncar! Voltamos para a base e tivemos uma surpresa não muito agradável. Uma das barracas estava rasgada e ao seguimos o rastro vimos que deixaram comida dentro.

Fazer o que, não quis nem saber quem vacilou, mas a minha estava salva, deixei pendurada e em potes herméticos para não ter cheiro. Estamos na mata e nós que somos os intrusos né!

Meus pratos chamados por amigos carinhosamente por “Valha me Deus” não tinham uma boa aparência, eu admito, mas ninguém pode dizer que não eram saborosos? Deu até fome agora!

Na minha panela velha de guerra, que eu sempre levo para as nossas incursões, coloco a carne de sol preparada no estilo sobrevivencialista, cortando em pedaços menores.

Depois de cozinhar um pouco com verduras previamente preparadas e bananas desidratadas, jogo arroz cru para encorpar, se tiver feijão ou qualquer outro cereal boto também.

E no fim, o angu está pronto para alimentar todo mundo.

Conclusão da Aventura

Eis a real sobre um acampamento em Pacoti: a mata cobra respeito, mas paga com belezas que não têm preço! Fechamos essa incursão com a lição na veia: aqui, a gente é hóspede, não dono.

A barraca arrombada foi um recado claro, um prenúncio de que descuido não rola. Mas ah, a recompensa…

A Cachoeira do Sebastião é a alma do lugar, uma metáfora viva da resistência, com aquela água jorrando da pedra contra tudo e todos.

O “Valha-me Deus” na panela de guerra salvou a galera, mostrando que na mata, a criatividade é o tempero principal.

No final das contas, um acampamento em Pacoti é isso: voltar para casa com o corpo cansado, mas o espírito lavado.

A mata sussurra histórias no vento e nos lembra que as melhores aventuras são aquelas que nos ensinam a humildade. A experiência foi braba, e com certeza, o mato vai nos ver de novo em breve!

Partiu próxima?