Chegamos à Fazenda Santo Antonio em Caridade de tardezinha, a ideia era dormir cedo e acordar já na beira do açude.
Armamos as barracas, fizemos uma fogueira no centro e espalhamos esterco seco de gado [queimando feito incenso] ao redor do acampamento para espantar os insetos.
Principalmente as mutucas e os borrachudos que aqui tem demais. Parecem o cavalo do cão!
Preparando o Jantar
Experimenta apontar as lanternas a beira d’água! As piabas vão todas para a beira, se tiver uma rede é só arrastar!
Sabe aqueles macetes que você aprende meio sem querer. Um dia a noite fui de carro até o açude. Ao se aproximar da beira com o farou ligado veio um monte de peixinho para a beira. Se ligou?
Como sempre nas percarias ando com minha tarrafa piabeira, bastou um lance para o jantar estar garantido.
Churrasco de piaba com cachaça artesanal, que delicia! Não precisa nem tratar, é só espetar no palito e botar para assar.
Marreco e Galinha d’água
Nos primeiros raios de sol, já estávamos a espera, com as barracas camufladas e o fogo devidamente apagado, ficamos só na tocaia.
A fera, nossa cachorra perdigueira, só esperando para começar a brincadeira. Papai a treinou com penas de aves da região.
Ela ficava só esperando a ave cair após o tiro, o problema é que estavam na água boiando né!
E como as aves ficam juntas e o cartucho da 20 são aqueles chumbinhos de 3 a 5 milímetros, e tendencia é abater mais de um a cada investida
O interessante dessas aves é que elas estão todas juntas em um ponto do açude, ao atirar todas saem em bando, dão a volta no açude e voltam todas juntas para a água.
Então, com uns três a quatro tiros, você já poderá dizer que a caçada foi bem sucedida. Nessa a Ferinha veio mais para brincar mesmo, pois não abatemos nada no ar.
Pescaria com tarrafa e galão
Depois da caçada emocionante dos marrecos 😂 colocamos o galão na água, bem esticadinho no meio do açude, esse aí só é retirado mais tarde. Se a preguiça bater, só amanhã de manhã!
O galão é uma rede de pesca comumente utilizada em pesca artesanal ou de pequena escala, especialmente em áreas costeiras, açudes, rios e lagos.
Composta de uma rede extensa, onde amarramos em boias e colocamos chumbadas para deixar que fiquem esticadas. Como na foto aí do Canal do Tarciso.
Agora começam a separar os homens das crianças kkk
Papai e vovô preparam as boias para começar a aventura de pesca. Eu acho muito massa. As boias são de câmara de ar de pneu de trator, amarradas quase no meio, é como um bote que eles ficam montados.
Levam uma ou duas tarrafas, um saco de tela furado amarrado na boia para manter os peixes vivos na água. Um chapelão que cobre o corpo todo. E vão com pés de pato para facilitar a locomoção.
Os dois vão em dupla margeando o açude, lançam a tarrafa sentados na boia como se estivessem cavalgando na água. Muito top! Nem precisa dizer que pegam muito mais do que a gente na beira né?
Aqui nesse vídeo dá para ter uma ideia do que estou descrevendo da pesca com tarrafa sobre a boia de câmara de ar, só não usam o pé de pato como eles faziam:
A gente não coloca o telefone na água por vários motivos obvieis, mas esses caras aqui pescam da mesma forma que meu pai e avô.
Eu e meu irmão vamos com as tarrafas na beira do açude. Bem, dá para lançar a tarrafa com água até a cintura de boa, mais fundo que isso fica ruim de puxar.
A gente vai nas águas mais rasas. Em quanto que o papai e o vovô ficam um pouco mais para dentro.
Vara de pesca artesanal
Essa aqui é só para relaxar, pega uma vara, amarra a linha de pesca na ponta, uma chumbada e um anzol, coloca a isca, claro né, e esquece do resto do mundo. A gente costuma pescar com minhocas.
Tem um feed no Instagram no Ceará Selvagem que dá uma ideia de como pegar essas iscas de minhoca bem facilzinho. “Mamão com açúcar”
O negócio é silêncio e sensibilidade, para sentir a fisgada do peixe mordendo a isca, então você dá um leve solavanco, e assim cravar o anzol.
Uma dica é colocar uma boia de pesca(pedacinho de isopor ou algo que boie) a um ou dois palmos da chumbada. Quando morderem a isca você vai ver a boia afundando. Aí o procedimento é mesmo!
Fim de Tarde Chegando
Depois da pesca normal é hora de agitar a água, uns de um lado e outros do outro do galão, o objetivo é fazer os cardumes irem para a rede.
Aí é só recolher o galão que na maioria das vezes vem bem carregado de carás-tilápia, piau, as traíras que tem que tirar com todo cuidado para não rasgar a rede com seus dentes afiados.
Aí é colocar tudo nos isopores, desarmar acampamento e ir embora para casa. Quando a fartura é maior, a galera da rua também ganha uns peixinhos.
Lembranças da Fazenda Santo Antonio
Nessa fazenda conhecemos o que é andar no mato, desde criança caçávamos e pescávamos nela. Explorávamos trilhas de animais, foi o começo de tudo!
A vontade de está na natureza, observando os bichos, aprendendo sobre as plantas, a lida com os animais. Passei férias inteiras na Fazenda Santo Antonio. Praticamente minha terceira casa.
Conclusão
Ah, que dia incrível na Fazenda Santo Antônio, hein?
Desde a chegada ao acampamento, com aquele cheirinho de esterco queimado (melhor que incenso!), até a pescaria de tarrafa e o frio na barriga da caçada aos marrecos, cada momento foi pura adrenalina!
Aprendemos que, na natureza, os macetes são tudo: lanterna à beira d’água atrai piaba, galão bem esticado garante peixe para semana toda, e uma boa tarrafada vale mais que mil anzóis.
E não tem nada como ver a Fera, nossa perdigueira, no modo “caça ou brincadeira”, ou sentir aquele silêncio só quebrado pelo barulho da água quando o peixe morde a isca.
Até a despedida foi marcante, com os isopores cheios de tilápia e a certeza de que a rua ia ganhar um peixinho fresco.
A Fazenda Santo Antônio não é só um lugar, é memória afetiva pura! Foi ali que a gente aprendeu a ler o mato, respeitar os bichos e, claro, pegar mais peixe que pescador em dia de sorte.
Saudade já bateu? Então bora planejar a próxima aventura – o sertão tá esperando!
Se for pescar no mar, se liga nessa Cartilha de boas práticas na pesca 🎣 artesanal. Pode evitar dores de cabeça desnecessárias 😃
Se liga, quando você conhece as Pancs, sua experiência alimentar muda. Seu cardápio muda junto e a natureza te dá tudo que você precisa para se alimentar em ambiente selvagem!
Salve, salve! Se você pensa que o alecrim é só aquele temperinho discreto no franguinho assado, prepare-se: essa erva mediterrânea é uma PANC poderosa, um remédio ancestral e um símbolo de resistência! Vem comigo nessa jornada cheirando a orvalho do mar e sabedoria milenar. 🏜️ O Orvalho do Mar que